[ sobre o projeto ]
Nascido na região da Basilicata, na Itália, Filippo Ponzio trouxe para o Brasil, há mais de 100 anos, a receita de um pão que se tornaria um dos mais famosos de São Paulo: o pão italiano Basilicata. Desde então, a tradicional padaria está no coração do Bixiga. E assim vai continuar, mas em um novo impreendimento. Agora os clientes têm acesso ao novo ambiente: Basilicata – Pão, Empório e Restaurante.
Com projeto do SuperLimão Studio, o clima é de uma imersão na história da imigração italiana: balança antiga, o “pendura” (onde literalmente se penduravam as contas), cartazes escritos à mão e fotografias que contam a história da família que saiu do sul da Itália.
O imóvel foi restaurado para receber o novo empreendimento. Com dois andares, no inferior está o empório e a padaria e, no andar superior, o restaurante. O partido do projeto foi buscar o resgate das memórias mantendo a tradição a partir da arquitetura, respeitando características originais do prédio. E, ao mesmo tempo, buscando espaços abertos para as novas áreas de atendimento.
Passando pela entrada, o espaço se abre é um empório elaborado com detalhes que contam aos poucos a história da família, sem perder a sua essência. Tabuleiros de pães como expositor de produtos estão fixados em estruturas metálicas que remetem aos suportes originais de ferro elaborados pelos ferreiros da família; ao lado dos caixas um painel de cortiça abriga um mapa da Itália desenhado com fios de lã e resgata um o momento do início dessa história: conta-se que, enquanto o navio que se afastava do porto, o imigrante levava uma ponta de um novelo de lâ e os familiares em terra seguravam a outra extremidade na esperança de um dia poder unir essas duas pontas.
Ainda na entrada, à esquerda, uma mesa de corte de provolone marca a passagem para o outro salão e acomoda diversas opções de azeites e queijos. Nesta área, está a parte de produtos refrigerados do empório que, além das geladeiras em inox, estão acomodados em um móvel biscoiteiro da família e em mesas desenhadas especialmente para o projeto. Foram descobertos, durante a obra, afrescos do início do século XX nessas paredes, que foram preservados.
O forro foi feito utilizando as pás que são utilizadas para fornear. Penduradas sob a laje, elas formam uma espécie de baffles acústicos difundindo a iluminação.
Um amplo balcão e mesas-bistrô estarão à disposição para lanches rápidos no andar inferior. Bem na esquina desses balcões, e bem em frente à entrada da Basilicata, o balcão acomoda os pães propositalmente, por ser o carro chefe da casa.
Caminhando por esse andar, uma mercearia com produtos estão à disposição dos clientes que querem levar para casa itens de mercado. Ao sair para a área externa, três coqueiros foram mantidos e mesas foram dispostas para receber os clientes.
Os detalhes de todas essas histórias ficam na ambientação dos espaços com as peças herdadas de todas as gerações. Entre eles, portas dos fornos a lenha forjados pelos ferreiros da família, ferramentas como a bigorna, balança, grelhas das cinzas dos fornos transformadas em balaustres no vão aberto no segundo pavimento, até alguns objetos pessoais, como um caderno de anotações, óculos, cédulas e moedas.
No andar superior está a novidade, o restaurante. É lá que o chef Rafael Lorenti prova que a cucina italiana está no DNA e prepara um menu tipicamente do sul da Itália, com cerca de 30 opções de pratos. Para chegar ao segundo andar, a escada existente foi reformada e adequada a novas normas. Um elevador também foi instalado para garantir a acessibilidade de todos os clientes.
Sem paredes, o salão superior acomoda cadeiras, mesas e sofá desenhados pelo SuperLimão. O assento do sofá também faz referência a um momento familiar e pós Segunda Guerra, em que o governo racionava produtos como farinha e açucar. Certa vez, ao receber fiscais do governo em sua casa, a família arrumou uma cama no canto do quarto com sacas de farinha cobertas por uma colcha. Em cima do sofá, luminárias industriais iluminam diretamente cada mesa.
Portas balcão de madeira originais levam para uma varanda que é fundamental para a ventilação do espaço. Na cobertura, com telhas de fibrocimento tipo calhetão, foram feitos rasgos criando uma série de claraboias.
Nas paredes, as tintas escolhidas remetem às cores da Itália, mas em tons suaves. Além do verde, vermelho e branco, outras cores estão presentes, como o amarelo e o azul.