[ sobre o projeto ]
A Cia. Tradicional de Comércio inaugura uma nova casa em São Paulo, a Bráz Elettrica. Para a arquitetura, o grupo, referência pela qualidade de suas casas, buscou uma linguagem e estética para dialogar com um público disposto a experimentar a pizza de uma forma menos pretensiosa do que é consumida normalmente nas grandes pizzarias da cidade. Apadrinhada por Anthony Falco, pizzaiolo que fez história na movimentada Roberta’s, de Nova York, a casa serve, do almoço até o fim de noite, discos individuais de massa leve, assados em forno elétrico napolitano, próprios para se comer com as mãos.
Mobilidade, praticidade e funcionalidade eram fundamentais para a concepção do projeto. O forno de marca italiana, coração do negócio, ja viria sobre rodas para facilitar sua movimentação. Geladeiras, balcões e caixas também foram concebidos seguindo o mesmo conceito.
O projeto buscou um layout para otimização e rápido fluxo de serviço. Ao entrar, logo se escolhe as bebidas e sobremesas, e no caixa se escolhe e paga a pizza, que é retirada diretamente no balcão. O banheiro pode ser acessado pelo lado de fora da pizzaria: um botão interno, acionado pelo caixa, abre a porta para os clientes. Todo em ladrilho verde e com uma ilustração sobre o revestimento, sua configuração permitiu que o projeto ganhasse mais espaço interno e, ao mesmo tempo, um fluxo menor gerado pelo uso do WC.
A mistura de diversas ligas de metais nos revestimentos e nas instalações elétricas faz uma alusão aos materiais condutores de eletricidade, sendo o cobre o mais eficiente deles, aparece na forma de tubulações dessa rede até o forno, que também é revestido em cobre.
Na área de preparo da pizza, sobre o balcão refrigerado de inox, uma pedra de granito branco espirito santo dá o acabamento solicitado pelos pizzaiolos como o melhor material para manipulação das massas. Na área de finalização e entrega para cliente, o tampo em mármore verde Alpi lembra a Malaquita, mineral do qual se obtém entre outros, o cobre. A área de lavagem de bandejas no salão, por conta da sua infra-estrutura hidráulica, é a única fixa e foi revestida em pastilhas brancas para consolidar a sua aparência asséptica.
O piso é de concreto lixado com o agregado exposto, previsto para suportar o grande fluxo de pessoas; as paredes do antigo sobrado mantêm as marcas de outras reformas que ali aconteceram. As texturas das paredes receberam diversas colagens e recortes de personagens e personalidades comendo pizza, entre elas David Bowie, Madonna e Batman. Em madeira cumaru com detalhes em pinus, as mesas comunitárias do salão, em tom claro, contrapõem com os demais materiais.
A iluminação, desenvolvida especialmente para o projeto, utilizou peças e isolantes elétricos de alta tensão de vidro e cerâmica e enfatiza o tema da eletricidade de forma sutil e inusitada.
A escada metálica e seu guarda-corpo remete à estrutura de torres de alta tensão. No andar superior, estão disponíveis mesas e sofás em diferentes configurações. A cozinha de pré-preparo fica exposta através de uma janela, a atrás de uma parede revestida com madeira pinus e nesta área as tesouras do telhado ficam expostas. Nos dois andares foi utilizado um revestimento acústico vermelho de celulose projetada.
Na calçada, a adoção de mesas e arquibancadas flexíveis que podem ser usadas em diferentes configurações. A fachada original da casa foi mantida e pintada em azul e amarelo compondo a linguagem de marca da Bráz Elettrica.
Localizada em um imóvel de esquina de 140m2, com pé-direito alto, paredes semi-demolidas, mesas comunitárias e dois fornos elétricos à vista, o partido arquitetônico buscou imprimir uma identidade informal e despretensiosa à casa.