[ sobre o projeto ]

O edifício, que já passou por outras reformas, era marcado por seu forro de gesso que configurava um pé-direito baixo e seus grandes pilares. Durante o projeto, os pilares foram descascados até seus limites e os forros demolidos, assim como o telhado na parte posterior. Desta forma se inicia a obra que reúne as mais diferentes referências apresentadas pelo cliente para criar um ambiente harmônico, mas com identidade própria, que traduzisse a linguagem da marca de mobiliários em arquitetura. A fachada é composta por painéis negros executados através da técnica japonesa do shou-sugi-ban, que consiste em queimar a superfície da madeira até o ponto de carbonização. A sobriedade do material é quebrada pelas aberturas de engrenagens e polias que assumem formas distintas e revelam cores vivas na parte oposta dos painéis. Diferentes revestimentos – placas de concreto, vidro, cimento queimado, borracha, madeira, tijolo, pinturas – são combinados e aplicados no espaço que é deixado quase como uma ruína, sem polimentos. Os materiais foram pensados de forma fluída, ora no piso, ora nas paredes, a fim de conformar diversas composições geométricas. Desta forma diferentes ambientes são definidos através da composição criada pelo conjunto de materiais, resultando em layouts livres e que trazem maior flexibilidade para a exposição dos sofás.

O telhado na parte posterior foi substituído por um mais alto construído em telha de fibrocimento com uma cobertura verde. Para que a telha pudesse suportar a carga foi utilizado um substrato mais leve que a terra, o qual reproduz em poucos centímetros a espessura de metros de terra convencional. O telhado verde melhora o isolamento térmico e umidade do local. Além disso, foram instaladas claraboias que permitem a entrada de luz natural e conformam um espaço mais atraente no fundo da loja. No pavimento superior é possível ver o telhado jardim criado e o térreo através de uma pequena abertura criada no nível do parapeito. Neste espaço há uma biblioteca com livros de referências arquitetônicas e outro espaço revestido de madeira pinus onde os clientes podem ver os catálogos de materiais e possibilidades que a marca oferece. Toda distribuição elétrica é feita por eletro-calhas e os pontos de energia são flexíveis, facilitando a disposição de novos layouts na loja. A laje foi pintada em tom neutro e o forro foi feito com chapa expandida para trazer unidade ao ambiente.