SP-Arte 2025

A tradição do futuro: Superlimão imprime argila em 3D e transforma o design com tecnologia e ancestralidade Antes mesmo de se tornar um elemento estrutural na arquitetura, a argila já era usada na criação de objetos utilitários e expressões artísticas, moldando a cultura material de diversas civilizações. Apesar de sua longa história, esse material ainda guarda possibilidades inexploradas. Como repensar seu uso sem perder sua essência? No experimento que o Superlimão apresenta na SP–Arte 2025, a argila ganha uma nova perspectiva ao ser moldada por uma impressora 3D, unindo o digital ao artesanal em um processo que desafia a lógica convencional da cerâmica. Esse foi o ponto de partida para a pesquisa que o Superlimão apresenta na SP–Arte 2025: um projeto que ressignifica o uso da cerâmica por meio da impressão 3D. O escritório, que tem como um de seus pilares a fusão entre o digital e o analógico, desenvolveu um processo que manipula a programação do código da máquina para criar superfícies e tramas orgânicas em argila. Diferente do que se espera de uma impressão 3D convencional — que, em sua maioria, se constrói de maneira vertical —, essa abordagem permite explorar novas volumetrias e estruturas. Mas, por mais que a tecnologia controle os parâmetros iniciais, a matéria se impõe sobre a tecnologia. A umidade do ar, o tempo de secagem, a retração natural da argila e a variação de temperatura da queima influenciam o resultado final. Nenhuma peça sai igual à outra. “Trabalhamos com um material que, mesmo após a impressão, continua se transformando. Mesmo que o processo tenha um lado técnico, ele sempre terá um fator humano, artesanal”, comenta Diogo Matsui, coordenador de design do Superlimão. O estudo também dialoga com os tecidos desenvolvidos pela Ecosimple, produzidos a partir de resíduos têxteis reciclados. Esses materiais serão aplicados no stand do Superlimão na SP–Arte e em uma intervenção logo na entrada do pavilhão, ambas assinadas pelo escritório. Assim como as peças de argila, os tecidos seguem uma lógica gráfica que entrelaça passado e futuro por meio da materialidade. Em ambos os casos, a construção acontece em camadas e tramas, onde cada fio ou filete de argila encontra seu lugar de forma singular. O público poderá acompanhar não só o processo de criação por meio dos monitores da TCL, bem como a produção e impressão, ao vivo, das peças, presentes no stand do Superlimão. A pesquisa apresentada na SP–Arte não se limita a um experimento técnico. Ela questiona como o design pode reinterpretar os saberes tradicionais sem perder sua essência. E, acima de tudo, como a tecnologia pode aprender com a ancestralidade, e não apenas substituir ou automatizar aquilo que veio antes.