Apto LA

Apartamento LA: a arquitetura dos anos 60 reinterpretada por Superlimão Equilibrando memória e transformação, os arquitetos projetaram um espaço que valoriza luz, fluidez e materiais atemporais São Paulo, 2024 — Com grandes janelas, ventilação cruzada e materiais atemporais, o Apartamento LA já carregava qualidades arquitetônicas raras em São Paulo. Com a aquisição dos novos proprietários, no entanto, o espaço (que nunca havia sido reformado), ganhou uma dinâmica ainda mais atual, equilibrando memória e transformação em um core central que conecta todos os ambientes da morada. Localizado em um prédio icônico dos anos 60, o apartamento tinha uma planta orginalmente compartimentada e setorizada, que traduzia o modelo de moradia da época. A proposta do Superlimão não foi apenas remover paredes, mas reconfigurar os fluxos internos, criando conexões mais naturais entre os ambientes. O desafio, para isso, foi equilibrar memória e transformação, criando um espaço que respeita a essência do edifício, mas ressignifica sua relação com a luz, os materiais e a funcionalidade. Luz, fluidez e integração Ao repensar a setorização, a sala de jantar foi integrada à sala de estar, ampliando a sensação de espaço e trazendo ainda mais destaque para os janelões que percorrem toda a fachada. O piano da família, peça central na identidade do apartamento, ganhou um cenário pensado para se destacar dentro desse novo fluxo. A cozinha, por sua vez, manteve seu caráter independente, mas ganhou permeabilidade visual através de uma porta de correr. O desenho atualizado permite que ela funcione tanto de forma integrada quanto isolada, conforme a necessidade dos moradores. “Nós não queríamos perder o espaço do piano, já que o intuito era que ele tivesse um plano de fundo. Por isso, optamos por manter a parede atrás dele. Também não era a intenção abrir a cozinha e deixá-la superaberta — motivo pelo qual apostamos em um ambiente com permeabilidade visual, dependendo da abertura da porta”, explica Antonio Carlos, sócio arquiteto do Superlimão. Já na área íntima, um dos antigos dormitórios foi convertido em suíte, enquanto outro cômodo se transformou em um estúdio musical, projetado com tratamento acústico específico para absorção sonora. O escritório, que também pode ser um quarto de hóspedes, adiciona flexibilidade à planta. Preservação como linguagem Em um projeto que equilibra passado e presente, a materialidade foi uma ferramenta essencial para essa transição. O piso de madeira original — um dos destaques do apartamento, devido ao padrão aplicado no material — foi restaurado, trazendo uma textura que carrega o tempo como parte da estética. No hall e no lavabo, a memória está nos detalhes: os azulejos descascados revelam camadas do tempo, enquanto louças e metais originais foram mantidos e restaurados. O piso, de mármore original, também foi preservado em ambos os cômodos. Na cozinha, o exaustor dos anos 60 e o piso foram restaurados, preservando a presença histórica no espaço. A iluminação do apartamento é um dos aspectos que garantem toda a poesia e eficiência estipuladas no conceito. Em vez de pontos focais marcados por luminárias aparentes, eletrocalhas embutidas foram integradas ao projeto, combinando iluminação indireta e climatização em um único elemento. Esse sistema cria um ambiente aconchegante e funcional, mantendo a estética limpa e valorizando os materiais originais. Uma interpretação cuidadosa da arquitetura dos anos 60 para os dias de hoje, o Apartamento LA é marcado não só por uma arquitetura saudosista, bem como por um mobiliário repleto de história. Isso porque todos os elementos dividem as mesmas origens: se não são do acervo pessoal ou de familiares dos proprietários, são de projetos passados do Superlimão que encontraram um novo uso.