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Ecomuseu

Macapá

Criado e estabelecido em São Paulo, o escritório multidisciplinar Superlimão assina seu primeiro projeto no Amapá – o terceiro na região Norte do país. Reconhecido pela capacidade em mesclar tecnologia e sustentabilidade, pelo respeito às técnicas vernaculares, e pelo olhar especial para as regiões em que seus projetos são implementados, o Superlimão foi convidado para projetar o Ecomuseu de Macapá, capital amapaense. O museu comporá o Amaparque, um dos maiores parques urbanos do mundo, com projeto desenvolvido pela Phytorestore, empresa pioneira em fitorremediação, tecnologia que trata a contaminação de solo e água a partir de plantas e comunidades microbianas. Empregando o conceito de Soluções Baseadas na Natureza "SBN´s" para o desenvolvimento de projetos de grande escala territorial, visando a renaturalização de ambientes e a restauração da paisagem e da biodiversidade, o objetivo do complexo é reconectar as comunidades locais ao seu território e biodiversidade, ao mesmo tempo em que lança luz sobre os desafios enfrentados no dia a dia de seus moradores, principalmente relacionados ao sistema hídrico. Localizado em meio à Floresta Amazônica, às margens do delta do Rio Amazonas, o Amapá é um estado rico em biodiversidade, onde a água exerce papéis fundamentais: como meio de transporte, espaço de lazer e até mesmo para abrigar moradias. As palafitas, casas construídas em regiões alagadiças, são comuns em Macapá, e foram um dos principais objetos de estudo da equipe do Superlimão, uma vez que carregam forte herança cultural em suas formas, materialidade e técnicas construtivas, e se adequam de forma inteligente ao clima quente e úmido da região. O escritório fez uma imersão na cultura local e, a partir dos conceitos de arquitetura sustentável e vernacular, implantou todas as edificações no terreno considerando fatores climáticos e contexto local. Cada uma delas foi inspirada em técnicas construtivas e características de diferentes arquiteturas presentes na região, como a indígena, ribeirinha e europeia. Mesclando técnicas vernaculares com tecnologia atual, buscando não só a otimização energética, mas a valorização das técnicas locais que vem sendo substituídas por edificações similares a outros centros urbanos, sem a menor adequação ao clima local. O ECOMUSEU O projeto é dividido em 4 principais edificações: Oca, Sala Multiuso, Auditório e Exposição Permanente. São 850m² dedicados aos ecossistemas, cultura e arte da região amazônica do Amapá, assim como o acervo científico do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá (IEPA). Para a primeira edificação, a Oca, a proposta foi explorar as técnicas da arquitetura indígena, por sua eficiência estrutural, amplo espaço interno e pé direito alto. A escolha colaborou inclusive para a disposição de um acervo singular: a ossada de duas baleias resgatadas pelos pesquisadores do IEPA, criando um paralelo com os principais museus de história natural do mundo. A fauna da região é o principal tema deste ambiente de acesso – ficam ali, por exemplo, expositores que mostram espécies com ajuda de hologramas. Modelos 3D também estão previstos para permitir que deficientes visuais interajam com o conteúdo. Após diversos estudos de eficiência energética de materiais, telhas cerâmicas foram escolhidas para o fechamento da estrutura metálica calandrada da edificação, que possui uma forma desenvolvida para permitir ventilação cruzada e fluxo de ar ascendente como um efeito chaminé, dispensando a utilização de ar-condicionados no salão principal. Para acompanhar a distinta geometria, as telhas cerâmicas foram desenvolvidas especialmente para o projeto junto a uma olaria localizada próxima ao terreno. A Sala Multiuso e o Auditório foram posicionados junto às extremidades do terreno, criando uma praça no coração do projeto, com dois espelhos d’água que recebem e tratam as águas pluviais e as encaminham para reuso – possibilitando que se veja na prática o resultado do tratamento executado pela Phytorestore. Cada uma das edificações possui uma fachada que está mais exposta à insolação. Para otimizar a climatização interna, ambas ganharam painel segunda pele tipo fachada ventilada, com desenho inspirado nos grafismos locais e composto por tijolos com diferentes tons de barro da região. Caminhos que oferecem sombra e proteção à chuva são essenciais para promover conforto aos visitantes no clima do território. Logo, é possível circular por todo complexo por meio de passarelas cobertas, que tiveram seu desenho inspirados no açaizeiro, árvore típica da região, a fim de mimetizar com a paisagem. Modular, a passarela é coberta por placas solares e feita em estrutura de madeira, composta por duas espécies de árvores regionais, cada uma utilizada de acordo com sua melhor eficiência. A madeira Acapu nos pilares e a madeira Angelim nas vigas. O mesmo módulo das passarelas ganha uma nova composição para fazer o sombreamento da Exposição Permanente, edificação implantada sob pilotis na área úmida. O desenho desta cobertura foi inspirado na espécie Ninféia, uma planta aquática da região que ajuda na limpeza das águas. A Exposição Permanente teve seu layout organizado a partir do grafismo Wajãpi (que representa a Jibóia), criando uma jornada linear e contínua que guia os usuários para duas principais salas de exposição, focadas nos ecossistemas do estado. Todo o projeto foi desenvolvido pensando na facilitação do transporte de materiais, manutenção e durabilidade, para que o museu se mantenha em bom estado de conservação e esteja integrado com a cultura amapaense. Para completar, o Superlimão está à frente de um projeto de expografia para integrar os espaços de exposição. Seguindo o partido de fácil manutenção e durabilidade, o projeto emprega flexibilidade de exibição e tecnologias simples, porém impactantes, através de projeções interativas em maquetes físicas, holografia, expositores modulares e dioramas.

FICHA TÉCNICA / DATA SHEET

Arquitetura / Architecture: Superlimão
Equipe de Projeto / Project Team: Lula Gouveia, Thiago Rodrigues, Antonio Carlos Figueira de Mello, Inaiá Botura, Pamela Paffrath, Livia Kannebley, Julia Berretta, Karina Godois, Ana Galante, Mariana Fozzatti, Diogo Matsui, Vinicius Mizobuti, Arthur Trigueiro, Bárbara Baltazar, Carolina Dutra, Marcos Vinicius de Andrade, Marcela Lacerda, Thais Rosario e Thais de Matos.
Projetista complementares: Acústica & Sônica, Jugend, Wector Engenharia, MRG Engenharia, Appogeo, Laika, Proassp, Ldarti, Prosolar Heos, Phytorestore, Cclos, PCPlan.
Apoio: Alcir Figueira Matos (SEINF), Luiz Fábio Silveira (MZUSP), Allan Kardec Ribeiro Galardo (IEPA), Claudia Funi (IEPA), Cecile Gama (IEPA), Alexandre Jordão (IEPA), Josiane Muller (IEPA), Flávio Solto (IEPA), Patrick Cantuária (SEMA), Lúcio Leite (IEPA), Alan Nazaré (IEPA), Mauricio Abdon (IEPA), Aparecida Correa (IEPA), Maria Aparecida Santos (IEPA), Richardson Frazão (IEPA), Rafael Stabile (IEPA), Claudia Silva (IEPA), Worchiely Costa, Amapá Telhas, Museu Sacaca, Bioparque da Amazônia.
City: Macapá, Amapá, Brasil
Ano / Year: 2023
Área /Area: 850m2
Endereço / Address: Rod. Juscelino Kubitscheck, s/n - Jardim Marco Zero, Macapá – AP Local


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