SP-Arte

São Paulo, 2024 – Recepcionando os visitantes logo na entrada do Pavilhão da Bienal, no Parque Ibirapuera, em São Paulo, o Superlimão, conhecido por sua abordagem inovadora e multidisciplinar, marca sua estreia na SP-Arte com a transformação da fachada em uma instalação icônica, em comemoração aos 20 anos da feira. Fundado em 2002, o escritório se destaca mais uma vez ao expressar sua visão única e criativa por meio de uma intervenção que não só redefine o espaço, mas também celebra a identidade vibrante de São Paulo. A Fachada Inspirado pela necessidade de criar uma proteção dinâmica e funcional para a entrada da feira, o Superlimão concebeu uma instalação que vai muito além de sua função primária, não apenas oferecendo sombra e abrigo, mas também se tornando uma peça de arte em si. Cuidadosamente planejado para proporcionar uma experiência visual única, o design da fachada apresenta uma trama que se dissolve em aberturas estratégicas, permitindo aos espectadores vislumbres do Parque Ibirapuera. Assim como Niemeyer é conhecido por suas estruturas fluidas e formas orgânicas, a trama apresenta uma sensação de fluidez e movimento. Para criar uma ordem mais agradável aos olhos e estética harmoniosa, suas larguras seguem uma sequência de Fibonacci. A escolha das cores - branco, vermelho e preto - faz uma alusão às cores da bandeira paulista, além de ser uma reverência às obras icônicas da cidade, como o próprio Auditório do Ibirapuera, que apresenta a escultura do Tomie Ohtake em vermelho. Soluções sustentáveis foram implementadas visando dinamismo e praticidade. O uso de material reciclado e reciclável estende o ciclo de vida dos materiais, permitindo sua reutilização futura ou transformação em novos elementos, evitando que se tornem resíduos. O sistema de instalação é simples, possibilitando rápida montagem e desmontagem em poucos dias. Para a fachada, o equivalente a 31.500 garrafas foi reaproveitado. Além de sustentável, o material é super durável, resistindo às intempéries e à incidência do sol. Exposição Reflexos Além de assinar o projeto da fachada, o Superlimão apresenta a exposição Reflexos, que explora através da luz uma reflexão da existência humana. A luz oferece um retrato instantâneo e sincronizado de um momento e uma realidade, que podem ser manipulados e ajustados conforme necessário. Essa mesma luz, ao repetir instantes e formas complementares, cria um retrato do presente e uma visão do futuro. A exposição convida os visitantes a contemplar sua própria relevância no universo através de esculturas luminosas conceituais. Por meio da luz, busca-se revelar como o meio e o tempo moldam a identidade e o destino de cada um, reconhecendo que cada indivíduo reflete a luz de maneira única. Na concepção do estande, optou-se por uma volumetria não convencional, aproveitando ao máximo os materiais disponíveis em termos de estrutura e acústica. A necessidade de gerenciar a iluminação nos levou à solução de implementar cúpulas que permitissem um controle preciso da entrada de luz, garantindo que a intensidade luminosa não interferisse nas diferentes peças expostas. Cada disposição do estande foi meticulosamente planejada para integrar uma cúpula, resultando em uma solução baseada em estruturas geodésicas. O uso de painéis de PET modular ofereceu uma solução leve, prática e eficiente. A forma geodésica em si é reconhecida por sua eficiência estrutural na natureza, e ao ser totalmente construída com PET - mais especificamente 9016 garrafas -, sua estrutura é autoportante, eliminando a necessidade de revestimentos adicionais. Além do controle de iluminação, o estande proporciona um eficiente controle acústico. A sensação de envolver os visitantes e transportá-los para um ambiente distinto na feira é alcançada por meio dessas estruturas, permitindo uma percepção focada das peças em exposição. Esta abordagem não apenas destaca as qualidades acústicas do material, mas também facilita a montagem e desmontagem do estande, o qual é pré-fabricado e pode ser reutilizado. Entre as peças da exposição, destacam-se a "Testemunha", um meteorito que simboliza a conexão humana com o cosmos, a "Sombra", que representa o presente em constante transformação, e o "Bando", uma animação visual que celebra a união e a colaboração. [Testemunha] Ao observar o planeta, são notáveis os sinais da durabilidade da vida, contrastando com a brevidade humana. A Testemunha, um meteorito de minério de ferro similar aos da Terra, representa essa ligação cósmica, tendo viajado pelo espaço por milênios. Seu padrão único, o Widmanstätten, exclusivo dos meteoritos Muonionalusta, reflete a luz de forma singular devido às condições espaciais em que se formou. Acompanhado por uma luz de LED, sua trajetória é evocada enquanto uma lente de aumento em cristal revela sua complexa construção. Utilizando sua própria essência transformada, uma estrutura metálica em inox identifica sua origem e nome. [Sombra] A sombra, como representação do presente, promove reflexão sobre a vida em constante transformação. Dois protagonistas, pássaro e sombra, simbolizam a experiência e vivência que nos acompanha, e o presente, uma tradução da luz sobre o objeto. Para criar uma escultura efêmera e mutável, foram utilizados dispositivos que produzissem esse efeito de forma sutil e que não interferissem visualmente na forma criada, como uma dobradura em malha metálica e um braço articulado para direcionar a luz de LED alimentada por bateria. [Bando] Os segundos fluem como frames entre flashes de luz, enquanto a vida se desenrola em uma sucessão de eventos. Nenhum indivíduo está sozinho em sua história; compartilhar momentos e conhecimentos revela o poder da união. O Bando é composto por pássaros meticulosamente dobrados à mão em diferentes posições de voo numa cúpula. A rotação do conjunto em uma velocidade combinada com a frequência do piscar da luz estroboscópica cria a animação dos pássaros em voo.